Pauliceia desvairada e o modernismo

Roberto Pompeu de Toledo e Carlos Augusto Calil se reúnem para falar da São Paulo de Mário (foto de Walter Craveiro)

Roberto Pompeu de Toledo e Carlos Augusto Calil se reúnem para falar da São Paulo de Mário (foto de Walter Craveiro)

Da origem do termo “pauliceia desvairada” à proclamação do modernismo, a mesa sobre a São Paulo de Mário de Andrade formulou um apanhado sobre a cidade que jamais teria sido a mesma sem a participação daquele que, como disse o cineasta e ensaísta Carlos Augusto Calil, foi o primeiro secretário de Cultura do Brasil. Além de Calil, o jornalista e colunista Roberto Pompeu de Toledo fez parte de “São Paulo! comoção de minha vida…”.

Carlos Augusto Calil relembrou o que teria sido o “elemento cristalizador do modernismo paulista” ao mencionar o artigo escrito por Monteiro Lobato sobre a exposição de Anita Malfati em São Paulo, no ano de 1917, criticando a obra da artista severamente. À época, o polêmico artigo “Paranoia ou mistificação” repercutiu entre o grupo modernista, que apoiou Anita. “Eles todos se reúnem em defesa dela para proclamar o modernismo”, diz Calil, ex-secretário de cultura da capital paulista. “Numa cidade muito provinciana e num ambiente muito medíocre, Mário e Oswald se destacaram. Eram complementares.”

O jornalista Roberto Pompeu de Toledo contou à plateia a origem da expressão “pauliceia desvairada”. “Mário comprou uma vez uma obra do Brecheret, que era um cristo com tranças. A família, ao ver aquilo, ficou escandalizada. Eram muito religiosos, acharam de muito mau gosto. Isso provocou uma briga familiar, e o Mário, muito irritado, recolheu-se ao seu quarto e escreveu: ‘Pauliceia desvairada’.”

A pedido do mediador João Gabriel de Lima, Calil leu um trecho do livro A capital da vertigem, em que transcreve parte de um programa do Teatro Municipal escrito por Mário, quando responsável pelo departamento de cultura. No material, Mário faz uma analogia entre música e futebol e conclama o povo paulista a aprender a escutar música polifônica da mesma maneira em que apreciava um jogo de futebol.

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