FlipMais | No centro, as bibliotecas

Mesa sobre leitura nas escolas debateu como as escolas de Paraty e do Brasil podem estimular a intimidade com os livros

Cristina Maseda, Secretária municipal de Cultura de Paraty, em mesa da FlipMais neste sábado (2) / Foto: André Conti

Cristina Maseda, Secretária municipal de Cultura de Paraty, em mesa da FlipMais neste sábado (2) / Foto: André Conti

Até 2020, todas as escolas públicas do Brasil deverão dispor, por lei, de uma biblioteca, com pelo menos um livro para cada aluno matriculado. O desafio de cumprir essa determinação (lei 12244/2010), as escolhas em cada município e o caso específico de Paraty são os temas que unem as participantes da mesa “Biblioteca na escola: leitura e letramento”, da FlipMais. A mesa contou com a participação das secretárias municipais de Cultura e de Educação de Paraty (respectivamente Cristina Maseda e Eliane Tomé), a diretora da Fundação SM, Pilar Lacerda, e a bibliotecária Graça Castro.

A mediadora Patrícia Lacerda ressaltou que “quando se discute o planejamento e as campanhas pela leitura, o que está em jogo é um projeto de Brasil muito diferente do que a gente construiu até aqui”. Pilar Lacerda ilustrou o argumento: segundo pesquisas, quase todas as crianças que, aos oito anos, conseguem cumprir as tarefas educacionais esperadas da idade, em matemática como em português ou outras matérias, nasceram de pais letrados. “O país está melhor, mas enquanto tivermos de compensar os séculos de desigualdade, a escola e a biblioteca têm que receber uma atenção especial”, completou.

Para Eliane Tomé, as características geográficas do município de Paraty amplificam o papel da leitura no desafio de alfabetizar no tempo certo e educar adequadamente. Município diversificado, com ilhas e montanhas, quilombos e aldeias indígenas, Paraty tem 47 escolas, 34 das quais são municipais. “É uma diversidade muito grande. Não vejo outra maneira senão o trabalho a partir da leitura.”

Cristina Maseda assinalou que as bibliotecas comunitárias são um caminho importante para avançar a leitura nas diferentes regiões de Paraty. “Essas bibliotecas são uma luzinha que se acende no território”. Ela respondeu a perguntas sobre as bibliotecas municipais, que considera não estarem nas condições adequadas e precisarem de reforma. “A cidade não tinha feito a decisão política pelas bibliotecas, mas agora temos essa política e podemos seguir em frente”, afirmou.

O papel da leitura na emancipação das populações, quando se tornam capazes de participar da decodificação e da produção do conhecimento social, foi sublinhado por Graça Castro. “A biblioteca é o centro de formação, o centro de possibilidade de acesso às estruturas textuais de uma sociedade”, afirmou. Ela ressaltou que, hoje, no Brasil, o programa estatal de distribuição de livros tem funcionado, mas o acesso a esses livros na escola ainda é muito deficiente.

(Diego Viana)

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