FlipMais | Um escritor sem estilo

Chico Caruso e Reinaldo falaram sobre o estilo livre do homenageado da Flip

 

Reinaldo e Chico Caruso abrem a FlipMais deste sábado (2) / Foto: Nelson Toledo

Reinaldo e Chico Caruso abrem a FlipMais deste sábado (2) / Foto: Nelson Toledo

“Eu acho que o Millôr ficaria puto da vida com o título dessa mesa, ele sempre dizia que não tinha estilo”, disse, de modo bem humorado, o cartunista Chico Caruso sobre o nome da mesa que abriu a FlipMais nesta manhã, “O estilo Millôr”. Acompanhado do humorista Reinaldo, comentaram o estilo – ou falta de – do Guru do Méier.

“Comecei lendo Millôr na idade em que os garotos hoje lêem Harry Potter, ele era onipresente. Tinha O Cruzeiro em qualquer sala de espera, e eu já tinha aprendido que naquela revista tinha duas páginas de Millôr, que eu sempre procurava”, lembrou Reinaldo, que mais tarde viria a trabalhar junto com ele no Pasquim.

“Ele tinha essa coisa da liberdade total tanto no texto quanto no desenho. Ele não ligava de criar uma marca, uma identidade própria. Cada dia tinha um sabor diferente. Então o que eu sempre achei bacana é essa liberdade que ele se dava de arriscar… e geralmente acertava em tudo”, disse. “E para ele, não tinha a menor importância definir se era um desenhista que escrevia ou escritor que desenhava.”

Junto com Caruso, relembrou uma exposição marcante de Millôr, que consistia em 25 telas totalmente em branco, de tamanhos variados “Nunca esqueci disso. Cada uma tinha um título. Piscina de Cleópatra. Camaleão vermelho sobre flocos de algodão”, disse Reinaldo, arrancando risos da platéia. “Eu tenho a ‘Lavadeira estendendo roupa na corda’”, completou Caruso.

“Se eu pudesse falar do estilo de Millôr, diria ‘moderno’. Mas moderno já é uma palavra antiga, né. Acho que o que fazia o estilo Millôr era a inteligência dele. E ele era inimitável”, disse Caruso. “Ele dizia que a importância na genética era ser feliz. Ele conseguiu tudo o que queria na revista rindo. Eu coloquei isso numa peça que fiz e, quando mandei pra ele, ele ficou puto. Disse que nunca riu pra chefe nenhum, e não foi na minha peça”, contou, aos risos.

(Marília Kodic)

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